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sexta-feira, 25 de março de 2011

Trechos de alguns livros de Hilda Hilst

Trechos de alguns livros

“Que boca há de roer o tempo? Que rosto/ Há de chegar depois do meu? Quantas vezes/ O tule do meu sopro há de pousar/ Sobre a brancura fremente do teu dorso?/ Quantas vezes dirás: vida, vésper, magma-marinha/ E quantas vezes direi: és meu. E as distendidas/ Tardes, as largas luas, as madrugadas agônicas/ Sem poder tocar-te. Quantas vezes amor/ Uma nova vertente há de nascer em ti/ E quantas vezes em mim há de morrer” (Do amor).


“Gente, eu já estou uma fúria e para ficar mais calma proponho algumas coisas mais sutis, por exemplo: o Esquadrão Geriátrico de Extermínio, a sigla óbvia seria EGE. Arregimentaríamos várias senhoras de terceira idade, eu inclusive, lógico, e com nossas bengalinhas em ponta, uma ponta-estilete besuntada de curare nos comícios, nos palanques, nas câmaras, no senado, espetaríamos as perniciosas nádegas ou distinto buraco malcheiroso desses vilões, nós, velhinhas misturadas às massas, e assim ninguém nos notaria, como ninguém nota a velhice. Nossas vidas ficariam dilatadas de significado, ó que beleza espetar bundões assassinos, nós faceiras matadoras de monstros!”. (Cascos e carícias).

Fonte: Jornal do Commercio. Recife, 30 de Maio de 1999.

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