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domingo, 20 de março de 2011

A obscena senhora D


Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é orio
E deslizando apenas, nem tocar a margem

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou tema. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta.

Olha-me de novo Com menos altivez
E mais atento.

(Hilda Hilst)

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