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terça-feira, 22 de março de 2011

Hilda Hilst III


Que não se leve a sério este poema
Porque não fala dor amor, fala da pena.
E nele se percebe o meu cansaço
Restos de um mar antigo e de sargaço.

Difícil dizer amor quando se ama
E na memória aprisionar o instante.
Difícil tirar os olhos de uma chama
E de repente sabê-los na constante

E mesma e igual procura. E de repente
Esquecidos de tudo que já viram
Sonharem que são olhos inocentes

Ah, o mundo que os meus olhos assistiram
Na noite com espanto se abriram.

Na noite se fecharam, de repente.


(Hilda Hilst)

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