'Jamón Jamón" e Javier Bardem

Curiosamente o primeiro filme espanhol que assisti em minha vida foi o “Jamón, Jamón” (1992) e confesso que na época não gostei muito do filme. Achava-o meio sem pé nem cabeça, meio perdido, meio tenso, com um curioso apelo sexual, mas exótico demais.

E o interessante é que mal poderia imaginar que nele estariam dois atores espanhóis que há muito tempo já fazem parte da disputadíssima constelação de astros e estrelas de Hollywood: Penélope Cruz e Javier Bardem (o atual casal do momento).

Interessante que eu nunca fui muito de notar a Penélope Cruz, pois até hoje não consigo ver nela o brilho que todos dizem ver, a atriz maravilhosa que afirmam que ela é. Mas se ela está brilhando decentemente em diferentes céus, quem sou eu para julgá-la? A ex Tom Cruise, a queridinha de Pedro Almodóvar tem lá os seus bons papéis, e dois deles a meu ver estão nos filmes “Sem notícias de Deus” e “Volver”. E Javier Bardem? De verdade ele é um excelente ator. E se mexerem nos baús dele, há de se encontrar filmes maravilhosos. Um ator que não precisa de Hollywood propriamente para ter o reconhecimento do público. Não vejo Javier Bardem como um segundo Antonio Banderas, pois a presença de Bardem é muito mais intensa e sua atuação é única para cada personagem. Antonio Banderas quando começou não tinha bons filmes no currículo e nem era um ator assim “extraordinário”, mas quando os filmes de Pedro Almodóvar começaram a ganhar força e projeção, sua carreira como ator se tornou mais do que promissora. Claro que Hollywood o transformou em Latin Lover, rótulo que não combina com Bardem em nada, não que seja feio, mas o rosto, o tipo másculo e o seu famoso olhar de peixe morto são seus traços marcantes, mas não os essenciais quando se trata de compor personas. E os seus melhores papéis são o Ramon Sampedro de “Mar Adentro” e o psicopata de “Onde os fracos não têm vez”. Realmente o espanhol faz juz às suas premiações, um ator como poucos.