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sábado, 5 de abril de 2008

Clarice Lispector e o intrigante mundo interior

Fragmentos de algumas de suas principais obras literárias:
"Aliás - descubro eu agora - eu também não faço a menor falta, e até o que escrevo um outro escreveria."A hora da estrela

"Onde aprender a odiar para não morrer de amor?"Laços de família
"Não é que vivo em eterna mutação, com novas adaptações a meu renovado viver e nunca chego ao fim de cada um dos modos de existir. Vivo de esboços não acabados e vacilantes. Mas equilibro-me como posso, entre mim e eu, entre mim e os homens, entre mim e o Deus."Um sopro de vida
"É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo."Perto do coração selvagem

"Talvez a pergunta vazia fosse apenas para que um dia alguém não viesse a dizer que ela nem ao menos havia perguntado. Por falta de quem lhe respondesse ela mesma parecia se ter respondido: é assim porque é assim."A hora da estrela

"E de tal modo haviam se disposto as coisas que o amor doloroso lhe pareceu felicidade."Laços de família

"Quem não é um acaso na vida?"A hora da estrela

"Isto não é um lamento. É um grito de ave de rapina, irisada e intranqüila."Um sopro de vida

"Só quem guarda as armas a chave é quem receia atirar sobre todos."Perto do coração selvagem



"Nem todos chegam a fracassar porque é tão trabalhoso, é preciso antes subir penosamente até enfim atingir a altura de poder cair."A paixão segundo G.H.

"Sua sensibilidade incomodava sem ser dolorosa, como uma unha quebradiça."Laços de família

"Abandone-se, tente tudo suavemente, não se esforce por conseguir - esqueça completamente o que aconteceu e tudo voltará com naturalidade."Laços de família

"O cacto é cheio de raiva com os dedos todos retorcidos e é impossível acarinhá-lo. Ele te odeia em cada espinho espetado porque dói-lhe no corpo esse mesmo espinho cuja primeira espetada foi na sua própria grossa carne. Mas pode-se cortá-lo em pedaços e chupar-lhe a áspera seiva: leite de mãe severa."Um sopro de vida

"Quem sabe a que escuridão de amor pode chegar o carinho."Laços de família

"Não se pode dar uma prova de existência do que é mais verdadeiro, o jeito é acreditar. Acreditar chorando."A hora da estrela

"Oh Deus, eu que faço concorrência a mim mesma. Me detesto. Felizmente os outros gostam de mim. É uma tranqüilidade."Um sopro de vida

"Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever."A hora da estrela

"A eternidade é o estado das coisas neste momento."A hora da estrela

"Escrevo por ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens."A hora da estrela

"Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por que dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma."Um sopro de vida

"Ser um ser permissível a si mesmo é a glória de existir."Um sopro de vida

"Perder-se significa ir achando e nem saber o que fazer do que se for achando."A paixão segundo G.H.

"Tudo o que poderia existir, já existe. Nada mais pode ser criado senão revelado."Perto do coração selvagem

"Vida e morte foram minhas, e eu fui monstruosa, minha coragem foi a de um sonâmbulo que simplesmente vai."A paixão segundo G.H.
Para ler sobre a autora:
VASQUEZ, Pedro Karp. Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: Rocco.
NINA, Cláudia. A palavra usurpada. Edipucrs, 2003.
SABINO, Fernando e LISPECTOR, Clarice. Cartas perto do coração. Record, 2001.
MONTERO, Teresa. Eu sou uma pergunta: uma biografia de Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
NOLASCO, Edgar Cézar. Restos de ficção, a criação biográfico-literária de Clarice Lispector. São Paulo: Annablume, 2004.
GOTLIB, Nádia Battella. Uma vida que se conta. Ática, 1995.
SANT’ANA, Affonso Romano. Laços de família e Legião estrangeira em Análise estrutural de romances brasileiros. Petrópolis: Vozes, 1973.
CÂNDIDO, Antônio. No raiar de Clarice Lispector. São Paulo: Duas Cidades, 1970.
NUNES, Benedito. O mundo imaginário de Clarice Lispector em 'O dorso do tigre'. São Paulo: Perspectiva, 1969.
Leitura de Clarice Lispector. São Paulo: Quíron, 1973.
BORELLI, Olga. Clarice Lispector esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
SÁ, Olga de. A escritura de Clarice Lispector. Petrópolis: Vozes, 1979.
PEREZ, Renard. Escritores brasileiros contemporâneos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.

2 comentários:

Rodrigo Fernandes disse...

a minha grande vergonha é não apreciar mais livros como fazia há tempos atras... infelizmente tenho me afastado cada vez mais das obras literarias... tenho muita cvontade de conhecer toda a coleção de Clarice entre outros atores... mas me flata uma coisa pra isso: vergonha na cara! hehehe..
beijos

Pingo de Leite disse...

Sou formada em Letras e A-MO essa escritora. A complexidade de seus livros, o lado psicológico envolvido em cada história me fascina. Muito legal essa postagem que tu fizeste. Parabéns! Passei aqui porque estou procurando na Internet informações sobre ela e seu livro laços de família, a fim de comparar minha análise com as que outros fizeram...