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quinta-feira, 12 de maio de 2011

A matéria que li no jornal foi escrita na época do centenário de Katharine Hepburn

 
Jornal do Commercio – Recife, 12 de maio de 2007
Caderno C
Antiestrela  de primeira grandeza
Katharine Hepburn faria 100 anos hoje. O mundo do cinema não esquece esta atriz dona de quatro Oscars e de toneladas de atitude
Ernesto Barros
Especial para o JC

Dona de um estilo de vida livre e independente, Katharine Hepburn talvez tenha sido a atriz americana que melhor soube adaptar-se às exigências do star system hollywoodiano. Hoje, no dia do centenário do seu nascimento, as dezenas de filmes de sua bem-sucedida carreira e a maneira como encarou os códigos de conduta de Hollywood estão muito vivos na memória de todo mundo. E não só pelo fato de que Katharine Hepburn tenha morrido há menos de quatro anos. Mas sim porque ela fez juz à fama de “primeira dama do cinema”.

Katharine e Spencer Tracy
Katharine Hepburn nasceu em Harford, no estado de Connecticut. Para se entender um pouco o comportamento dela, é preciso remexer nos anos de sua formação. A educação doméstica, dividida pelo pai médico e mãe sufragette, como eram chamadas as mulheres que, no início do século passado, lutavam pelo voto feminino, foi de capital importância para o que ela se tornaria no futuro. Foi graças à mãe politizada, que lhe encorajou a falar o que desse na telha e a desenvolver seu potencial físico, que Katharine Hepburn impôs-se como antiestrela numa época em que o céu acima das colinas de Hollywood era totalmente platinado. Depois teve a morte do irmão, então com 14 anos, que enforcou-se acidentalmente.


Por causa disso, a jovem Katharine não teve uma adolescência das mais alegres. Entretanto, esse retraimento fez com que ela se tornasse uma boa aluna. E durante a graduação no Bryn Mawr College, onde estudou balé e interpretação, decidiu que seria atriz. Como o caminho natural para a carreira, na época, era a Broadway, ela foi morar em Nova Iorque. The big pond, a primeira peça que encenou aos 21 anos, ficou apenas cinco dias em cartaz. A escritora Doroty Parker, que escrevia para New Yorker e era dona da língua mais ferina da cidade, não poupou seu desempenho: “Ela percorre toda a escala emocional de A a B”.




Independente Mulher de opinião forte, Katharine viveu com o colega casado Spencer Tracy, o amor da sua vida


Mas essa paulada inicial não esmoreceu a vontade de vencer na Broadway. Depois de vários pequenos papéis, foi conquistando espaço até estourar em The warrior´s husband, em 1932. Como era inevitável, surgiram as primeiras propostas de Hollywood. No mesmo ano, após alguns testes, Katharine Hepburn foi convidada para fazer Vítimas do Divórcio. Na sua estréia hollywoodiana, pelas mãos de George Cukor, ela dividiu a cena com John Barrymore. Com o sucesso do filme, a RKO lhe ofereceu um contrato e ela fez cinco longas-metragens entre 1932 e 1934. Com manhã de Glória, realizado em 1993, abocanhou um Oscar de melhor atriz, a primeira das estatuetas que ganhou, um recorde que até hoje nenhuma outra conseguiu igualar.
Apesar do evidente talento, Katharine Hepburn não era dona dos atributos físicos padronizados na idade de ouro de Hollywood. E, estranhamente, logo após a sua ascenção, ela teve um período em que era considerada “veneno de bilheteria. Comédias clássicas como Levada da Breca, hoje consideradas antológicas, foram naufrágios de bilheteria que lhe obrigaram a voltar à Broadway. Núpcias de Escândalo, por exemplo, sempre na lista dos seus melhores filmes, foi antes sucesso no teatro, em 1938.
Em 1942 ela conheceu Spencer Tracy no set de A mulher do dia. Por mais de 25 anos, eles seriam parceiros no cinema e na vida. Fizeram juntos nove filmes deliciosos, entre eles A costela de Adão, A mulher absoluta, Amor eletrônico e Advinhe quem vem para o jantar, o último que fizeram juntos, em 1967, ano da morte de Tracy. Apesar de manterem um relacionamento conhecido por todos em Hollywood, Spencer Tracy e Katharine Hepburn não se casaram. Católico, ele jamais abandonou a mulher. Reza a lenda que Katharine nunca assistiu ao último filme que fizeram juntos e no qual ganhou o segundo Oscar.
Nesta época, longe dos olhos de Spencer Tracy, Katharine Hepburn não deixou de atuar em grandes filmes. Em 1951, ela se divertiu à vontade com Humphrey Bogart em Uma  Aventura na África, de John Huston. Ela considerava o filme tão interessante que chegou a escrever um livro sobre a experiência. Muito à vontade, fez duas das melhores adaptações de textos teatrais realizadas em Hollywood: com Joseph L. Mankiewicz fez De repente, no último verão, do original de Tenessee Williams, em 1959; e com Sidney Lumet Longa Jornada noite adentro, a partird e Eugene O´Neil, em 1962.
No final dos anos 1960, foi lentamente deixando de atuar, mas ainda ganhou dois Oscar de melhor atriz. Em 1968, com o drama O leão no inverno e, em 1981, com Num lago dourado, ao lado do amigo Henry Fonda. Nos últimos anos de sua vida, participou de filmes para a TV e um ou outro longa-metragem para o cinema. Katharine Hepburn morreu aos 96 anos, vítimas de complicações com o Mal de Alzheimer.

Um comentário:

Maxx disse...

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