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sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Filmes que estou assistindo em minhas férias (Parte 1)

"O segredo de Brokeback Mountain" (2005)

"Billy Elliot" (2000)

"Plata Quemada" (2000)

Quem sou eu para discutir?


Bom, não sou nenhuma crítica de cinema, nem tão culta o suficiente para discutir tanta coisa. Ser sábio leva tempo, e inteligência é algo que se constrói ao longo da vida, uns com menos outros com mais e assim vamos levando.
O fato é que hoje pensei em escrever este texto, mas com um outro título “O elegante universo masculino homossexual no cinema”, sei lá, ou algo parecido. Mas daí cheguei à conclusão, me falta base para tantas coisas e tantas explicações que até o título soa artificial e ingênuo se eu o escrevesse. Por isso, como não sou nenhuma especialista só estou aqui para falar a meu modo de três filmes que são os meus preferidos. Sim, filmes gays! Histórias tão lindas e interessantes como qualquer outro de histórias lindas e dramáticas.
Meus eleitos: “O segredo de Brokeback Mountain”, “Plata Quemada” e “Billy Elliot”. Eles têm algo em comum que não é apenas o tema, mas o papel do homem ao que ele é destinado a fazer em seu meio social, a sua própria natureza masculina mas que aflorada e precisa para as suas ações típicas. Dos três filmes a história mais comovente é sem dúvida a dos cowboys Jack e Ennis de “O segredo de Brokeback Mountain (2005)”, filme que nos deixa vidrados pela linda paisagem da geografia americana. Fotografia impecável, locações perfeitas e atuações muito boas, tendo como destaque o ator australiano Heath Ledger (Ennis del Mar), perfeito em incorporar um típico e rude homem do campo (e o sotaque então, para um não americano, ele nos fez viajar no personagem direitinho). Jack e Ennis “se descobrem” na montanha Brokeback e é muito bonita a cena em que eles cowboys machões lutam em vão contra um desejo incontrolável. A cena em que fazem amor pela primeira vez é interessantemente bela, selvagem (por que o Heath Ledger incorpora um touro na verdade), nada mais apropriado para aquele mundo de bois, vacas, bezerros, ovelhas etc. E realmente o filme segue com sua narrativa, deixando as mais doces cenas para o sentimento que os vaqueiros têm um pelo outro, que nada mais é que a história de um amor verdadeiro entre dois homens. Um amor. Não apenas um desejo do corpo, uma condição em que eles lutaram para que não existissem em suas mentes e corpos de homens. Ennis quando termina seu trabalho na montanha lembra que deixou uma garota esperando por ele e casa com ela, achando que nunca mais veria o Jack (Jake Gyllenhaal). Estes dois homens têm uma vida aparentemente normal, com as famílias que construíram, mas vivem em uma sociedade machista e preconceituosa. Fato que é lembrado pelo personagem de Heath Ledger em que aos nove anos viu seu pai mostrar o cadáver de um homem que apareceu numa vala, castigo imposto: arrastá-lo pelo pênis e arrancá-lo, principalmente por ele compartilhar o rancho com outro homem, e não só, assassiná-lo também. Ou seja, um lugar em que é inadmissível tal comportamento. É como ele diz ao Jack: “Dois homens vivendo juntos?”. “Sem chance”. Lindo o reencontro deles e eles descobrirem-se enfim apaixonados. O filme tem aquele ar de “A Lagoa Azul” no início, pela descoberta da sexualidade, da pureza e ingenuidade do ambiente rural, pela brejeirice. E há tantas coisas tão lindas nessa relação: amizade, cumplicidade, verdade, respeito mútuo e um amor que nem as barreiras do preconceito nem do tempo conseguiram derrubar.
“Plata Quemada (2001)”, filme argentino de Marcelo Piñeyro têm aqueles homens durões como os cowboys. Mas o universo não é o de um rodeio, nem a lida com o gado, mas o polêmico mundo do crime. Apenas um filme para ver, pois há todo aquele charme portenho, o tango que embala o casal Nene (Leonardo Sbaraglia) e Angel (Eduardo Noriega), o sotaque típico da gente de Buenos Aires, Jazz e atuações que elevaram o teor do filme, que se fossem outros atores seria apenas só um filme. Marcelo Pyñero se baseou em um fato verídico, que foi o assalto de um carro forte na década de 60 em seu país e cujos criminosos eram um casal gay de bandidos conhecidos como “Los mellizos” (“Os gêmeos”), claro, havia mais envolvidos no caso, mas o destaque foi sem dúvida para estes homossexuais que hora são tão assumidos e hora são tão conflituosos (na tela grande). Não sei exatamente se a história real é tão à risca como ele colocou, mas é também comovente sentir que entre Angel e Nene apesar da violência e das coisas nada boas que fazem na sociedade, nutrem um pelo outro um amor incontestável. “Billy Elliot”(2000) de Stephen Daldry, o filme mais inocente de todos. À primeira vista não se pode classificar como um filme gay e não é exatamente isso a proposta. Na verdade é a história de um menino que luta para ver realizado o seu sonho de ser bailarino. Mas é justamente nesta escolha que há o conflito do pai do garoto e irmão mais velho pobres mineradores de mãos calejadas em aceitar a escolha profissional do pequeno Billy (Jamie Bell). Uma cidadezinha pequena de novo, gente atrasada de novo e uma vida rude. Mundo masculino típico (de homens que trabalham em uma vida dura nos minérios). E tantos preconceitos a serem derrubados a de que “o balé é exclusividade das garotas”, na concepção do pai de Billy. Por mais que o menino tente explicar, aquilo é difícil de entender e aceitar. A delicadeza do tema homossexualismo vem com o amigo de Billy Elliot, o Michael que tem predileção em usar as roupas da mãe e irmã quando não estão em casa e quando finalmente revela ao amigo que seu gosto é exatamente esse que ele desconfiava. Fato que o amigo aceita sem nenhum preconceito, até veste nele um tutu para um ensaio e o faz manter o porte de “uma princesa”, assim de uma forma natural. Billy revela que não é como Michael, mas que ama apenas a dança. No fim do filme os dois estão adultos. Billy enfim é um grande bailarino e sua família o assiste comovido na platéia assim como seu amigo de infância, Michael que é daqueles homossexuais que adoram usar algo da indumentária feminina, claro ladeado por um homem que parece ser alguém da platéia, ou seu próprio namorado.
Claro que algumas das produções que abordam o homossexualismo masculino estão mais para a comédia, como um filme japonês pouco conhecido no Brasil chamado as “Damas de Ferro”, no qual narra a história de um time de basquete realmente muito colorido. Mas o fato de ser gay não é tão divertido assim, há tantos problemas, conflitos psicológicos, preconceito. Ver toda essa delicadeza expressa nas artes e na vida em geral, onde na verdade reside a matéria prima da arte... enfim neste tema também tão necessário é entender que tudo o que se necessita é de respeito e dignidade.

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